quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Vossos filhos não são vossos filhos

Alguns detalhes têm feito com que eu reflita um pouco mais sobre Família, filhos, filhas... Trabalhar longe de casa, filhas longe, reflexão (culpa?), saudade, revisão de conceitos e atitudes. Ou será pelo nó na garganta ao rezar o Pai Nosso ao telefone com minha filha de dez anos, a pedido dela, enquanto boceja e adormece? E o tempo passa tão rápido que mais e mais vemos o acerto das palavras de Gibran. E nos meus pensamentos tenho consciência de que errar por negligência na educação de filhos deve ser motivo pra muitas lágrimas; de quem não é educado e de quem deveria educar. Portanto... reflitamos todos...

Eu vou...


...mas volto!


Beto Johann

"Gibran Khalil Gibran escreveu sobre os filhos com inusitado acerto e rara e impetuosa beleza em seu magistral livro intitulado “O Profeta”:"

“Vossos filhos não são vossos filhos.

São os filhos e as filhas da ânsia da Vida por si mesma.

Vêm através de vós, mas não são de vós.

E embora convivam convosco, não vos pertencem.

Podeis outorgar-lhes o vosso amor, mas não vossos pensamentos,

Porque eles têm seus próprios pensamentos.

Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;

Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.

Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós;

Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.

Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.

O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda Sua força para que Suas flechas se projetem, rápidas para longe.

Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria:

Pois assim como Ele ama a flecha que voa, também ama o arco que permanece estável.”

"É verdade! Nossos filhos não são nossos filhos. São filhos de Deus... e a nós, cabe educá-los, fazendo nossa parte na obra da criação."


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Reflexões sobre Família

Eis que estou de volta pra algumas linhas e cópias. O que é bom pode ser imitado. O que é muito bom tem-se a obrigação de passar adiante. Tendo estado num convívio rápido com familiares nesse final de semana, pareceu-me oportuno esse texto sobre o parentesco corporal e o parentesco espiritual. O que vem de Allan Kardec é muito bom. Passa pelo crivo da razão com sobra...

Eu vou...

...mas volto!

Beto Johann




A parentela corporal e a parentela espiritual

"Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.
Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências. (Cap. IV, nº 13.)
Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espírito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: “Eis aqui meus verdadeiros irmãos.” Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias."

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 8.)